A VESÍCULA BILIAR
A vesícula biliar é um órgão pequeno em forma de pêra, que se encontra logo abaixo do fígado. O fígado produz ao redor de 2 litros de bile todos os dias. A bile ajuda na digestão das gorduras e é armazenada na vesícula biliar. Quando se ingere alimentos gordurosos a vesícula se contrai e elimina a bile para o intestino delgado através do conduto biliar.
CÁLCULOS BILIARES
Os cálculos são líquidos digestivos que se cristalizam e endurecem dentro da vesícula. O termo médico para a formação de cálculos biliares é COLELITÍASE. Os cálculos podem sair da vesícula e bloquear o fluxo da bile nos dutos biliares, provocando dor e inchaço da vesícula biliar.
COLECISTITE
Esse é o termo usado para denominar a inflamação da vesícula biliar, que pode ocorrer de forma abrupta (aguda) ou por um longo período de tempo (crônica).
PANCREATITE
É causada por pedras que se movem através do conduto biliar e duto pancreático, bloqueando a drenagem das secreções.
COLECISTECTOMIA
Colecistectomia é a remoção cirurgia da vesícula biliar. A operação se realiza para retirar a vesícula devido a presença de cálculos (pedras) que causam dor ou infecção.
SINTOMAS COMUNS
- dor aguda na parte superior direita do abdome, que pode se irradiar para as costas e para o meio do abdome e até para o ombro direito.
- Febre baixa
- Náuseas e vômitos
- Sensação de inchaço no abdome
- Icterícia (a pele e olhos ficam amarelados). Ocorre quando cálculos biliares bloqueiam a passagem da bile pelo duto biliar.
OPÇÕES DE TRATAMENTO
- COLECISTECTOMIA VIDEOLAPAROSCÓPICA – a vesícula é retirada com instrumentos que são introduzidos por pequenas incisões quase puntiformes no abdome. O procedimento geralmente dura de 30 a 90 minutos.
- COLECISTECTOMIA ABERTA – a vesícula biliar é retirada através de uma incisão (corte) no lado direito do abdome, logo abaixo da caixa torácica. O tempo de duração é de 40 a 90 minutos.
Em alguns casos raros às vezes o cirurgião pode começar a cirurgia por via laparoscópica e ter que mudar para uma técnica aberta.
- TRATAMENTO CONSERVADOR (NÃO CIRÚRGICO) – tratamento clínico é às vezes utilizado em pacientes assintomáticos ou em pacientes de alto risco para realização de uma cirurgia (nesses casos não são retirados os cálculos mas apenas trata-se os sintomas e a infecção).
Obs. Aproximadamente 20 % dos pacientes que tem colecistite aguda e não são submetidos a cirurgia, voltam a apresentar crises de colecistite nas próximas 12 semanas.
BENEFÍCIOS E RISCOS DA OPERAÇÃO
BENEFÍCIOS: A retirada da vesícula alivia a dor, trata a infecção, e impede que voltem a formar-se cálculos.
RISCOS RELACIONADOS À CIRURGIA:
- Lesão do duto biliar
- Hemorragia
- Infecção de ferida cirúrgica
- Infecção da cavidade abdominal (peritonite)
- Febre
- Lesão hepática
- Cicatrizes quelonioideas
- Hérnias
- Complicações relacionadas com a anestesia
- Lesões do intestino
- Trombose venosa.
RISCOS DE NÃO SE REALIZAR A CIRURGIA
- Possibilidade de que a dor continue
- Infecção
- Ruptura da vesícula, com infecção da cavidade abdominal (peritonite)
- Septicemia (infecção generalizada)
- Possibilidade de morte.
PREPARAÇÃO PARA A CIRURGIA
Habitualmente a avaliação pré-operatória inclui análise de sangue e urina e ultrassonografia abdominal. Outros exames também serão necessários, como eletrocardiograma, radiografia do tórax, e a depender da idade e situação clínica, também uma avaliação cardiológica pré-operatória. A depender do caso, alguns exames especiais, como ressonância magnética das vias biliares, também são necessários, para uma melhor avaliação da situação das vias biliares antes da cirurgia.
MEDICAÇÕES QUE USA
-leve a lista de todas as medicações que está usando, inclusive anticoagulantes, aspirinas, anti-inflamatórios, medicações naturais, para diabetes ou para depressão e ansiedade.(todas devem ser informadas ao médico).
- Alguns medicamentos podem afetar a recuperação e aumentar o risco da cirurgia e a resposta à anestesia.
- Quase sempre você tomará a sua medicação matinal no dia da cirurgia, com um pouco de água.
ANESTESIA
- informe ao anestesista e ao cirurgião sobre a existência de alguma alergia, sobre outras doenças pré-existentes, uso de medicações, uso de álcool, fumo ou outras drogas.
- Deixar de fumar 4 a 6 semanas antes da cirurgia reduz os riscos relacionados com a anestesia e melhora o resultado da cicatrização em até 50 %.
NO DIA DA OPERAÇÃO
– Você não deverá ingerir líquidos ou alimentos nas 8 horas que antecedem a cirurgia. Na maioria das vezes a sua medicação de rotina poderá ser tomada com um pouco de água.
- tome banho e lave bem a área do abdome com um sabonete antibacteriano.
- Escove os dentes e enxague a boca com enxaguante bucal.
- Você será identificado, e será instalado um acesso venoso, para administração de líquidos e medicações.
- Assegure-se de que todos os visitantes lavem suas mãos.
- No caso de anestesia geral, você estará dormindo, durante a anestesia e sem sentir dor.
O QUE LEVAR AO HOSPITAL
- documentos de identificação
- Lista de medicações que usa
- Roupa folgada e confortável
- Sapatos sem cadarço, que não necessitem abaixar-se para amarrar ou calçar.
- Deixe as joias e objetos de valor em casa.
- Não use esmalte nas unhas.
RECUPERAÇÃO PÓS OPERATÓRIA
Após a cirurgia você será transportado para uma sala de recuperação onde serão observados sua freqüência cardíaca, frequência respiratória, saturação de oxigênio, pressão arterial e diurese.
Na ausência de complicações, normalmente a alta hospitalar ocorre no primeiro dia após as cirurgias por videolaparoscopia, e no segundo dia após a cirurgia aberta.
TRABALHO E RETORNO À ESCOLA
- Normalmente se pode voltar a trabalhar 1 semana após a cirurgia videolaparoscópica, e 15 dias após a cirurgia aberta, desde que não tenha que levantar coisas pesadas.
- Não levante objetos que pesem mais de 4 kg nem participe de atividades que demandem muito esforço por 4-6 semanas
CUIDADOS COM A FERIDA
- lave sempre as mãos antes e depois de tocar na pele no local da cirurgia.
- Não faça banhos de imersão até que a ferida esteja completamente cicatrizada.
- Pode tomar banho em chuveiro molhando a cirurgia após o segundo dia de operação (a menos que o médico indique que não pode fazê-lo)
- Siga as instruções do cirurgião quanto a realização dos curativos.
- Pequena drenagem de secreção da cirurgia é normal. (se sair muito sangue ou se a secreção ficar purulenta ou com mal cheiro avise o cirurgião)
- Não use roupas apertadas ou de tecido áspero.
- Suas cicatrizes estarão completamente concluídas num prazo de 4-6 semanas, e depois disso se tornarão cada vez mais suaves, atenuando-se até o ano seguinte.
FUNCIONAMENTO DO INTESTINO
A anestesia, os analgésicos e o repouso reduzem a atividade do intestino, causando constipação. O aumento do consumo de fibras na dieta e a ingestão de líquidos (pelo menos 10 copos ao dia de líquidos) podem ajudar a prevenir a constipação.
COMO PREVENIR PNEUMONIA E TROMBOSE VENOSA
Movimentos e respiração profunda após a respiração podem prevenir complicações pós operatórias como coágulos, edema pulmonar, e pneumonia.
A cada hora respire fundo de 5-10 vezes, e segure a espiração com peito cheio por 3-5 segundos.
Quando é operado, você corre o risco de formação de coágulos devido a falta de movimento durante a anestesia. Quanto mais longa e complicada a cirurgia, maior é esse risco. Pode-se
amenizar o risco ao levantar-se da cama e caminhar por 5-6 vezes ao dia, e usando meias ou botas especiais e uso de anticoagulantes, no caso de pacientes de risco alto
CONTROLE DA DOR
- Seu médico irá prescrever um conjunto de medicações analgésicas planejadas especialmente para o seu caso, para controle da dor.
MEDIDAS SEM MEDICAMENTOS PARA CONTROLE DA DOR
- proteger o abdome com uma almofada para tossir ou mover-se pode ajudar a controlar a dor.
- Distrações ajudam a concentrar-se em outras atividades que tiram a atenção da dor (escutar música, ver tv, jogos, livros)
- Imaginação guiada (meditação) ajuda a dirigir e controlar suas emoções.
CHAME SEU CIRURGIÃO
- dor forte no pós operatório, ou dor que piora progressivamente
- vômitos contínuos
- febre,
- dolorimento e aumento de drenagem de secreção purulenta e com odor fétido na ferida cirúrgica,
- se não defecar após 3 dias de alta hospitalar.
- Se tiver inchaço no abdome (distensão abdominal) associada a dor
COLECISTITE EM CRIANÇAS
- 4% dos casos de colecistite ocorrem em crianças.
- 70 % das crianças com colecistite são sintomáticas (sentem sintomas)
- Os sintomas incluem dor abdominal, náuseas, vômitos, icterícia, intolerância a alimentos gordurosos, febre.
- As crianças com colecistite confirmada devem ser avaliadas para programação de cirurgia.
- Algumas enfermidades como fibrose cística, obesidade, anemia falciforme, e crianças com antecedentes familiares, têm maior chance de ter cálculos biliares. Cerca de 50 % das crianças com anemia falciforme desenvolvem cálculos biliares.